A VIDA E O AMOR DÃO MUITAS VOLTAS
Texto inspirado em casos reais.
Cresci a ouvir a célebre frase: «A vida dá muitas voltas!». Em criança, não entendia o seu significado, nem o porquê dos mais velhos nos passarem essa mensagem. Agora, percebo. Agora entendo. Com histórias reais, tão próximas de mim, entendi que a vida tem caminhos sinuosos, tumultuados, redondos – tal como o mundo –, que começam e acabam no mesmo lugar. Dois casais, que tão bem conheço, são a prova disso.
Para alguns amores, o fim será mesmo o fim. Para outros, será apenas uma interrupção com prazo de validade.
Dois jovens, um amor, oposições familiares. Dois jovens, um amor, medo. Dois jovens, um amor, sonhos diferentes. Dois jovens, um amor, mundos contrários. Crescemos com a ideia de que o amor pode e vence tudo, de que nada nos impedirá de ficar ao lado da pessoa que nos provoca aquela taquicardia gostosa e que o universo que nos uniu nunca irá separar. Mas, como em tudo na vida, o amor também tem problemas matemáticos para se resolver. E algumas pessoas, como se sabe, odeiam equações matemáticas.
Algumas pessoas, por imaturidade, por falta de condições, por medo do que virá, e, tantas vezes, por cobardia, preferem virar as costas e tentar encontrar um amor que lhes dê mais segurança e maior serenidade. Algumas pessoas, por amor à família, abdicam da sua própria felicidade, para fazer o que todos indicam ser o mais certo.
Algumas pessoas acabam por se casar, por construir uma família ao lado de outras pessoas, vivem uma nova vida, acreditam que estão no caminho certo e que vão conseguir ser felizes. A família aprova, os amigos aceitam. Os sonhos são iguais. Os mundos coincidem. E assim as pessoas seguem, aparentemente felizes, aparentemente numa vida plena e quase idílica, até que o caminho redondo as obriga a voltar ao lugar de onde partiram. Porque é o que sempre acontece, quando se decide partir: um dia tem que se voltar. Voltar a casa, voltar às ruas que os viram crescer e aos lugares que nunca deixaram partir de dentro dos seus corações. E também, voltar para pessoas. Quando a vida assim o exige, quando o coração assim o quer, voltam.
Assim, do nada, o coração começa a bater, a apertar, quase a explodir para fora do peito. Assim, do nada, o vento sopra na direção contrária e a vida empurra-os para trás. Assim, do nada, a pessoa que deixaram para trás, está à sua frente. E, numa troca de olhares, volta tudo. O amor interrompido, seja lá porque motivo for, ganha vida outra vez e parece que o mundo para, que a vida os faz regressar a casa e os ajuda a encontrar o lugar certo.
Passou muito tempo, os jovens já não são tão jovens assim. Têm uma bagagem às costas que os tornou mais fortes. Agora, já não há medos, já não há oposições, já não há sonhos e mundos distantes que os impeçam de ficar juntos. Porque agora são maduros, independentes, a vida transformou-os em pessoas fortes, capazes de lutar pelo que o coração lhes dita. Agora, são capazes de dar tudo de si, ao sentimento que os liga desde sempre.
Por muito amor que se sinta, se não se for maduro o suficiente para o viver, nunca se conseguirá dar o que ele pede. Por isso, ele afasta-se, deixa as pessoas viverem outras vidas e experimentarem outras emoções, deixa-as ir onde elas acreditam que escolheram ir, e depois, quando percebe que já pode voltar, ele volta. E volta com mais força. É como o processo de um tsunami: a água recua para o mar, para depois invadir a terra com toda a sua fúria, toda a sua força, levando tudo à frente.
É por isso que alguns casais se separam, vivem outras vidas, e depois, sem que nada o faça prever, ficam juntos. A vida e o amor dão muitas voltas e nunca desistem de uma verdadeira história de amor.
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Fábio Teixeira
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