A perda de tempo é a pior de todas as perdas (...) Não adies a tua vida.


A morte da minha avó trouxe-me algumas das maiores lições que a vida já me deu. Coisas importantes a quem ninguém dá a mínima atenção mas que em qualquer momento da vida todos pensam. 

No dia anterior à morte da minha avó fui, como todos os outros dias, visitá-la ao hospital. Não estive muito tempo com ela, não por falta de tempo, não por não querer, mas porque a família é grande e o tempo estava contado para cada visita. No fim desse dia tive a oportunidade de voltar ao hospital para voltar a visitá-la mas fiz o que a maioria das pessoas faz: adiar tudo para o dia seguinte, para mais tarde, para depois. 
«Vou amanhã!». Eu sabia que o estado da minha avó era grave, crítico, que apesar da melhora das últimas horas os seus olhos estavam prestes a fechar-se para sempre. 
Mas amanhã ainda não seria tarde para a visitar mais uma vez. Amanhã ainda haveria tempo, amanhã ela ainda estaria a respirar, viva. Amanhã. Empurrei para amanhã o que podia fazer naquele momento, deixei para depois o que naquele momento ainda era possível. Mas amanhã não seria tarde demais, amanhã ela ainda cá estaria. Mas no dia seguinte o meu telemóvel tocou às oito da manhã para me informarem da morte dela. 
Afinal, amanhã é mesmo tarde demais. Tarde demais para visitar, para abraçar, para olhar nos olhos, para conversar, para dar a mão, para dizer que amo, para fazer o que o coração pede que se faça mas que, por algum motivo estúpido, se adia por tempos intermináveis. Carreguei, durante largas semanas, essa culpa. Eu podia tê-la visitado, ter estado mais um tempinho com ela, mas eu acreditei no amanhã. Só que o amanhã é um dia que pode não chegar, é uma miragem no meio de um deserto, é uma possibilidade no meio de muitas outras. O amanhã não existe e o futuro é um lugar incerto onde nem todos vão morar. Mas ainda assim, adiamos a vida, os planos, os sonhos, a vontade, os sentimentos, o amor, adiamos tudo o que podemos para um depois, para um mais tarde, que nunca chega ou chega tarde demais.  

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Essa culpa que me consumiu durante algum tempo trouxe-me uma lição importante: não deixar nada para depois o que posso fazer agora
Agora estou com tempo? Então vou ligar, mandar mensagem, meter conversa, perguntar como está tudo e quem sabe combinar aquele café que está adiado há mais de dois anos. 
Agora, neste momento, estou por casa sem nada para fazer? 
Boa altura para caminhar com aquele amigo ausente que adia a vida inteira porque o trabalho o consome. 
Agora, neste preciso momento, estou apaixonado? 
Então vou dizê-lo mesmo que a resposta seja «mas eu não». 
Neste momento eu posso dizer que amo, posso dizer o quão especial aquela pessoa é? 
Então eu vou fazê-lo agora. 
Nós podemos fazer tudo o que quisermos agora mas depois já pode ser tarde demais. Parece uma frase feita mas é a realidade da vida. A vida e o tempo são finitos. Hoje, agora, tu estás desse lado a ler-me, a tua família está bem, a pessoa que amas está viva… mas amanhã pode não estar. Amanhã pode ficar tudo escuro, vazio, inviável. Pensa nisso.

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"«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a importância de vivermos o presente, sobre o poder milagroso do amor e sobre a tão indesejada morte."

"Uma escrita simples e brilhante. Um livro emocionante com uma mensagem clara: não podemos nem devemos deixar a vida e as pessoas para depois."


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Sabemos de tudo isto. Nada disto é uma novidade para ninguém. Mas só quando os arrependimentos nos consomem, só quando já não há tempo nem nada mais a fazer, é que sentimos o peso enorme no coração e a culpa dilacerante que nos paralisa e nos faz entender que o agora é o momento que pode mudar toda a nossa vida se fizermos o que temos que fazer.

Sim, a morte é triste, é dolorosa, é contundente, mas também é reflexiva, também nos faz colocar na balança da vida o que de facto é importante, também nos ensina a parar e a pensar, também nos amolece o coração e nos ensina a abri-lo para os outros. A morte é um ensinamento para quem fica e um abre olhos para quem precisa de um sério abanão. E eu aprendi que o agora é o melhor momento da nossa vida e que adiar é uma maneira estúpida e infantil de ceder ao medo, à sociedade, à rotina, à monotonia. A perda de tempo é a pior de todas as perdas e cada dia que passa é menos um para o fim... seja qual for o fim de que falo. 

Não deixes aquela pessoa escapar se neste momento podes fazê-la ficar. Não deixes de abrir o teu coração se neste momento tens essa oportunidade. Não deixes de correr atrás do que queres se agora tens nas tuas mãos tudo o que precisas para o fazer. Não permitas que a falta de tempo seja uma desculpa para te ausentares, para te distanciares, para ficares longe das pessoas que mais te querem perto. Não adies a tua felicidade, não te acomodes a convenções que não são tuas, liberta-te, vive a tua vida, vive o que queres viver, agarra os teus sonhos e faz o que puderes para os tornares reais. Não aceites viver uma vida que te foi imposta, que nada te diz, onde tu não és nem metade do que poderias ser. Não te sujeites a ser infeliz por imposição dos outros, daquilo que eles acreditam ser o certo. O que é certo é o que o coração te indica e a razão te diz. A tua felicidade é tua, não é dos outros. Não vivas para agradar ninguém, vive para amar quem te ama, quem te aceita, quem gosta de ti como tu és apesar do teu feitio, das tuas manias, dos teus erros, das tuas merdas. Dá valor a quem sabes que se desdobra em truques e malabarismos só para te ver sorrir. Enfrenta o medo, rompe a rotina, oferece o teu tempo e ama sem medida. Lembra-te que agora tu podes tudo, amanhã não podes nada. Não adies a tua vida, não adies mais nada. 


Escrito por:
Fábio Teixeira

Sobre o autor: 

Nasceu a 25 de fevereiro de 1992, na cidade de Vila Real. Viveu toda a sua vida na pequena aldeia de Fiolhoso, no concelho de Murça. Diz que o seu signo, Peixes, o define. Em 2011, concluiu o ensino secundário na área de Línguas e Humanidades. Apaixonou-se pelos livros quando sofreu o seu primeiro desgosto de amor e encontrou nos romances da autora Margarida Rebelo Pinto a sua maior inspiração. Romântico, sentimental e espiritualista, Fábio Teixeira usa a escrita para tocar o coração dos leitores, levando-os a refletir com as suas histórias. 





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