REFLEXÃO SOBRE A VIDA
Levamos a vida como certa. Aliás, levamos tudo o que temos na
vida como certo. A casa, o carro, a saúde, o futuro idealizado. Mas, de um
momento para o outro, a vida prova que é ela quem manda, é ela quem decide, é
ela que nos conduz ao que tem que ser. E o que tem que ser tem muita força. Podemos
passar o tempo a remar contra a maré, mas vamos acabar por ser engolidos por
ela. Eu aprendi a encolher os ombros à vida e a tentar aceitar da melhor forma
possível o que ela quer para mim. Há coisas que não estão no nosso controlo, a
vida é uma delas. Foge-nos por caminhos que nós nunca quisemos trilhar,
leva-nos para sítios que nunca quisemos visitar, obriga-nos a passar por
situações inimagináveis, a suportar coisas insuportáveis, e o pior de tudo, é
que ela leva sempre a melhor!
Nos últimos tempos tenho-me apercebido que é assim mesmo. Há
coisas que por muito que te esforces para que aconteçam, nunca acontecem; e há
outras que sem quereres, toma lá! A vida é um grande mistério, dizem que ela
tem um caminho próprio e que nada nos acontece por acaso, mas não são raras as
vezes em que ficamos meio que num deserto sem entender nada.
Qual a lógica de certas situações? Qual o motivo de certos
acontecimentos? Porquê isto? Porquê assim? São questões que tantas vezes nos
colocamos a nós mesmos e que continuam por longo tempo sem ter uma resposta.
Chegamos ao ponto em que somos quase obrigados a dizer: foi como teve que ser.
Mas teve que ser assim porquê? Pois, ninguém sabe. Foi o que foi porque a vida
assim o quis. A vida! Sempre a vida e as suas armadilhas ardilosas e
traiçoeiras. Sempre a vida a romper os sonhos, os planos, a felicidade… sempre
a vida a trazer problemas e poucas soluções. Sempre a vida a testar-nos e a
levar-nos ao limite só porque sim. Só porque temos que aprender alguma coisa,
de algum jeito.
Às vezes, a vida cansa-nos. Cansamo-nos das situações
irreversíveis, das doenças incuráveis, dos amores não correspondidos, dos
amigos desaparecidos, das mortes das pessoas mais próximas, da tristeza
profunda em que se tornou os nossos dias. Cansamo-nos e choramos, gritamos,
imploramos para que a vida pare de bater com tanta força. Mas ela não para, a
vida não tem compaixão de ninguém. Temos que aceitar que a vida é uma
professora austera, sem coração e sem piedade. Às vezes, ela consegue ser
generosa, consegue colorir o teu caminho de cores vivas e alegres, consegue
realizar alguns dos teus sonhos e trazer até ti o que tanto esperas… mas é só
às vezes. Na maior parte do tempo, ela tira mais do que dá. Algumas coisas,
tira-nos temporariamente, outras para sempre. A vida pode ser a nossa maior
dádiva e a nossa maior inimiga. Depende do ponto de vista e de que forma ela
tem agido na nossa caminhada. Há pessoas a quem ela bate de leve e há aquelas a
quem ela dá grandes enxertos de porrada.
O mar assemelha-se bastante à vida: à
primeira vista é radioso, dono de uma beleza sem igual, um grande transmissor
de paz e harmonia, mas quando bate nas rochas, mostra toda a sua fúria e prova
que também é capaz de ferir abruptamente. Sem dó nem piedade. Sem compaixão da
rocha. E nós somos quase uma rocha, que parece ter que ser inquebrável, mas no
fundo somos o que de mais frágil existe no mundo.
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Fábio Teixeira
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