GERAÇÃO MORANGOS II



Continuando a minha retrospectiva sobre a “Geração Morangos”, tenho obrigatoriamente que falar nas famosas disquetes e do tão querido Messenger. 

Às vezes dou por mim a relembrar o som das notificações do messenger. Sempre que alguém entrava, o som denunciava, e o nosso coração saltava caso tivesse entrado a pessoa por quem tanto esperávamos. O Messenger era o chat do Facebook, o viber e o Whatsapp juntos. Era, além das 1500 mensagens grátis por semana, a única maneira de manter contacto com os amigos. O problema era que a maioria dos adolescentes desta época usava aquela internet – vinda de uma campanha da antiga TMN que incluía ainda um computador portátil, para uns de graça e para outros a 150 euros – que esgotava muito antes do fim do mês. 
Era muito mau quando a internet acabava. A maioria dos adolescentes tinha apenas 1 GB mensal disponível, e guardavam-no como se fosse o seu maior tesouro. Raramente a internet conseguia resistir até ao fim do mês e, por isso mesmo, não falávamos todos os dias com os amigos, com os primos que estão no estrangeiro, com a namorada ou namorado que vivia noutra cidade, com aquela pessoa que nunca vimos pessoalmente, mas que já considerávamos ser uma grande amiga. 
Hoje tudo é diferente. Falamos com toda a gente, estejamos onde for, sem grande preocupação. Se a internet acaba, temos à disposição as chamadas grátis ou as sms sem fim. 
Os telemóveis duravam mais de dois anos, apesar dos grandes tombos que davam e das várias vezes que serviam para jogar futebol. Hoje isso é impensável. O telemóvel cai e vai logo à vida. Os antigos telemóveis não tinham nem metade do valor dos de hoje e já era um calvário para conseguir comprar um. A nossa dependência era diferente também. Dávamos preferência a estar com as pessoas do que a escrever mensagens. Preferíamos sentar-nos à frente da televisão a ver os Morangos com Açúcar ou a jantar cedo para ir para a rua jogar às apanhadas ou às escondidas, do que estarmos de telemóvel na mão a ver as notificações do hi5 constantemente.
Agora as disquetes… saberão os jovens de hoje o que são? Alguns até o podem saber, porque alguém já lhes fez o favor de lhes explicar, mas outros, com certeza dirão: “Disc… quê?”. As disquetes eram compradas pelos alunos na escola para guardarem os trabalhos que faziam. Faziam – na altura – o papel das pendrives. Claro que não davam para guardar nem metade das coisas que se guardam nas pendrives, a memória era pequeníssima, mas todos tinham alguma na mochila. Com o tempo, e tal como o Messenger, desapareceram. 
É incrível quando paro e me ponho a pensar como, em menos de 10 anos, as coisas podem ter mudado tão radicalmente. Podia falar das cassetes, dos walkmans, dos fones dos chineses que duravam um ano inteiro, do jogo da serpente dos telemóveis antigos, das antenas gigantes que os primeiros telemóveis tinham, do quão impensável era para nós vivermos de SMS, do chat de uma rede social ou de um telemóvel que tem mil e uma aplicações e que nos roubam os tombos a correr atrás dos amigos, as discussões para não sermos nós a contar no jogo das escondidas, a alegria de ser Segunda-feira e de podermos estar todos reunidos a comentar o nosso fim-de-semana secante, sem saídas à noite ou sem internet para ocupar o tempo. 
Agora não há Morangos com Açúcar, não há New Wave, não há disquetes, não há Messenger, não há telemóveis com bateria a durar mais de 1 semana, não há limitações de chamadas nem de mensagens, e não há Internet que de 1 GB! E será que agora, sem isto tudo, a adolescência será mais feliz do que a dos adolescentes de há uns anos? Acredito que não. A felicidade não pode estar num Smartphone, nas aplicações, na internet, no WI-fi, nas mensagens ilimitadas… a felicidade, acredito, está naquilo que vivemos com os nossos amigos. Se déssemos aos jovens de hoje o desafio de viveram uma semana como eu e tantos outros vivemos, será que aguentariam? Fica a questão.  
Estas são coisas que nos ficam na memória, que fizeram parte de nós numa altura da nossa vida que jamais esqueceremos. 
Malta da “Geração Morangos”, estamos juntos! 

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Fábio Teixeira

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