O TEMPO ESGOTA-SE
Naqueles breves instantes, em que
somos atingidos com a morte de algum familiar, relativizamos tudo. Os ódios,
os rancores, as mágoas, as desilusões… tudo isso passa, porque fica o que
realmente importa: o amor.
É nisso que reparei hoje. A
família está sempre lá, apesar de se encontrarem apenas uma ou duas vezes por
ano, em festas ocasionais ou – como neste caso – num velório. É sempre assim:
cada um tem a sua vida, vive os seus problemas e o tempo vai passando assim. Só
quando nos deparamos com a morte de um familiar, é que nos arrependemos.
Arrependemo-nos de não estar mais
tempo presentes, de não enviarmos mais mensagens a perguntar se está tudo bem,
de não ligarmos para pôr a conversa em dia, de não dar mais
tempo do nosso tempo para estar na companhia daqueles que marcam a nossa vida e
que fazem parte de nós. Esquecemo-nos que a única coisa que se pode considerar
eterna é a morte, porque quem parte nunca mais volta.
E quando parte já é tarde. O que
fica é a sensação que nos pesa no coração de que podíamos ter passado mais tempo
juntos, podíamos ser muito mais próximos, podíamos ter ligado mais e escrito
mais mensagens. Só que o tempo, na sua grande velocidade, passa e quase nem
damos por ele. Deixamo-nos afundar nas tarefas do dia-a-dia, damos mais
importância a outras coisas, porque naquele momento sabemos que a restante
família está bem. Só que não vai estar bem para sempre, e depois nem sempre há
a hipótese de despedidas.
Eu sei que as pessoas não pensam
nisto, nem eu mesmo penso, mas quando a vida nos obriga a olhar de frente para
a morte, apercebemo-nos que talvez não estejamos a dar valor ao que realmente o
tem. E depois o que fica? Os arrependimentos. E quem vive arrependido não vive
bem, porque anda sempre com um peso nas costas. Um peso que não tem maneira de
desaparecer, porque o pedido de desculpas a ser feito, já não tem a
possibilidade de o ser.
Hoje relativizei o coração sujo –
ou falta dele – de algumas pessoas, as mágoas e desilusões com quem vai fazer
parte da minha vida para sempre e, acredito que, relativizei a falta de tempo.
O tempo é o que queremos fazer dele, e por isso mesmo, devíamos usá-lo com as
pessoas que nos amam, que nos acarinham, que nos mimam, que nos acompanharam
desde sempre e para sempre, porque um dia, acordamos e já tudo acabou.
O tempo esgota-se, por isso, há
que aproveitar enquanto cá andamos.
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Fábio Teixeira
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