Encontros da Alma | Conto Espírita
Sabia
que lhe tinha falhado, que de alguma forma a tinha desiludido.
Acordava sempre agoniado por causa do mesmo sonho. O meu peito contorcia-se de remorsos, a minha alma parecia mergulhar numa dor infinita e uma forte sensação de desespero parecia roubar-me o ar.
Acordava sempre agoniado por causa do mesmo sonho. O meu peito contorcia-se de remorsos, a minha alma parecia mergulhar numa dor infinita e uma forte sensação de desespero parecia roubar-me o ar.
Sonhava com ela praticamente todas as noites. Durante o dia, na minha cabeça,
passavam as mesmas imagens de sempre. Enquanto a água a engolia, a sua mão
pedia-me por socorro, os seus olhos suplicavam a minha ajuda e a sua voz fina, quase frágil, gritava: «Não cumpriste a promessa. Por
favor, salva-me!». E eu sentia isso. Eu falhara. Mas em quê? Onde? Quem seria aquela mulher? Por que me perseguia e me afligia daquela maneira? Queria
que ela aparecesse, que falasse comigo e me explicasse a razão do sonho em que ela é a protagonista.
Durante o dia a sua imagem baralhava a minha mente. Não conseguia desprender-me dela, nem do sonho agitado que me perseguira a vida toda. Tinha quase a certeza absoluta de que as imagens do sonho eram reais.
Durante o dia a sua imagem baralhava a minha mente. Não conseguia desprender-me dela, nem do sonho agitado que me perseguira a vida toda. Tinha quase a certeza absoluta de que as imagens do sonho eram reais.
Será que já tinham acontecido? Será que
ainda iam acontecer? Seria eu médium? Eu previa o futuro e não sabia? Quem
seria aquela mulher? O que a uniria a mim? Será que nos íamos conhecer? A minha
intuição dizia-me que o nosso encontro estava marcado e que iria mudar a minha
vida toda. Será que ela estava certa?
Lembrava-me, muitas vezes, das palavras da minha avó que me dizia, tantas e tantas vezes, que os assuntos mal resolvidos de outras vidas voltam com toda a força para a vida atual. Ela contava-me bonitas histórias de amor que rompiam a morte, o tempo, todas as vidas e que continuavam, pela eternidade, fortes e inabaláveis.
Sempre havia desejado viver um amor assim. Mas nunca havia encontrado alguém que me fizesse acreditar nisso. Nem mesmo a Laura, a minha noiva de anos. Mas ela, a mulher dos meus sonhos, a que me afligia, a que me pedia ajuda, a que desaparecia nas águas profundas do rio, ela sim, fazia-me acreditar em todas as teorias e em todas as possibilidades, mesmo as mais absurdas e incongruentes. Ela fazia-me acreditar na conexão de energias, nos encontros da alma, trazia à tona memórias que julgava esquecidas, mas que, na verdade, se encontravam presas dentro de mim.
Lembrava-me, muitas vezes, das palavras da minha avó que me dizia, tantas e tantas vezes, que os assuntos mal resolvidos de outras vidas voltam com toda a força para a vida atual. Ela contava-me bonitas histórias de amor que rompiam a morte, o tempo, todas as vidas e que continuavam, pela eternidade, fortes e inabaláveis.
Sempre havia desejado viver um amor assim. Mas nunca havia encontrado alguém que me fizesse acreditar nisso. Nem mesmo a Laura, a minha noiva de anos. Mas ela, a mulher dos meus sonhos, a que me afligia, a que me pedia ajuda, a que desaparecia nas águas profundas do rio, ela sim, fazia-me acreditar em todas as teorias e em todas as possibilidades, mesmo as mais absurdas e incongruentes. Ela fazia-me acreditar na conexão de energias, nos encontros da alma, trazia à tona memórias que julgava esquecidas, mas que, na verdade, se encontravam presas dentro de mim.
Seria ela uma memória? Seria ela um amor de uma vida passada?
Seria ela a minha alma gémea?
Não sabia quem era ela. Mas desejava encontrá-la. Queria ajudá-la, protegê-la, descobri-la, libertá-la da dor que poderia estar a sentir. Não sabia como o fazer, mas prometi-lhe que desta vez não falharia, que desta vez não deixaria que ela desaparecesse nas águas escuras do rio que tanto me atormentava. Que NOS atormentava.
Pedi ao universo que ela esperasse por mim. Senti que estava a chegar o momento do nosso reencontro. E ele aconteceu.
Não sabia quem era ela. Mas desejava encontrá-la. Queria ajudá-la, protegê-la, descobri-la, libertá-la da dor que poderia estar a sentir. Não sabia como o fazer, mas prometi-lhe que desta vez não falharia, que desta vez não deixaria que ela desaparecesse nas águas escuras do rio que tanto me atormentava. Que NOS atormentava.
Pedi ao universo que ela esperasse por mim. Senti que estava a chegar o momento do nosso reencontro. E ele aconteceu.
(continua a seguir à publicidade do meu livro.)
LIVRO À VENDA
"«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a importância de vivermos o presente, sobre o poder milagroso do amor e sobre a tão indesejada morte."
"Uma escrita simples e brilhante. Um livro emocionante com uma mensagem clara: não podemos nem devemos deixar a vida e as pessoas para depois."
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O SONHO
O
ar estava quente. O sol radioso emitia um calor insuportável. Olhei para os
meus pés e percebi que estava a pisar uma terra dura, quase como se fosse
pedra. Ouvi vozes, um imenso burburinho. Olhei em frente. Quatro cavalos
montados pelos respetivos donos, estavam no meio da praça enquanto o povo se
ia reunindo com um olhar determinado e feroz. À volta da praça, várias
barraquinhas e pequenas casas de pedra. No ar havia um intenso cheiro a alecrim
e hortelã. Ao fundo, uma pequena montanha e no topo um imponente castelo, com torres altíssimas ao seu redor. Uma floresta imensa, verde e
um tanto sombria, ladeava o castelo que me parecia ser da época medieval.
Reparei nas pessoas. A maioria vestia grandes túnicas de linho e calças justas. Algumas dessas pessoas estavam descalças, com os pés firmes na terra dura, que fervia como se fosse brasas de uma fogueira. Olhei para mim tentando perceber o que trazia vestido. Nos pés uns sapatos pretos bastante bicudos. As minhas pernas estavam cobertas por longas meias que chegavam até à minha cintura. Uma túnica de linho cobria toda a parte superior do meu corpo. Percebi que os meus cabelos eram longos e que cobriam os meus ombros largos. Prestei atenção às vozes que ecoavam ao meu redor. Falavam de uma punição. Uma mulher estava prestes a ser esquartejada por ter cometido um crime. «Essa desgraçada matou-o», diziam, enfurecidos.
No centro da praça, muito perto dos cavalos, sentado num grande trono de madeira, estava um homem vistoso, com ar imperial e determinado, coroado com uma coroa de ouro que irradiava luz. Todos se curvavam diante dele. Era o rei. No poste principal da praça, um pano hasteado anunciava o ano em que estávamos: 1492. Século XV.
Abanei a cabeça. Belisquei-me. Parecia que estava dentro de um sonho mas eu sentia que tudo aquilo era bem real. Eu estava na época medieval e iria assistir a uma punição. Como podia ser possível? O que estava a fazer ali? Reparei para mim novamente. O corpo parecia o mesmo mas as minhas mãos eram maiores e mais fortes. Os meus braços tinham mais músculo e as minhas pernas estavam mais grossas e treinadas. «Quem sou eu?», questionava-me, em silêncio.
Os meus pensamentos confusos e inquietantes foram interrompidos por um enorme burburinho. A multidão que se reunira para assistir à punição começou a desviar-se. Pelo meio da multidão, surgiu uma mulher agarrada por dois soldados. Estava nua. Completamente nua. O seu corpo moreno tinha imensas feridas. De certeza que já tivera sido chicoteada. Enquanto ela era levada em direção aos cavalos, reparei nas suas pernas. Longas. Aparentemente macias. A sua pele marcada pela dor ainda me transmitia uma beleza sem igual. Olhei fixamente para ela. Os nossos olhos encontraram-se. Nesse momento, uma enorme dor invadiu o meu coração. As minhas pernas perderam a força, o meu corpo contorceu-se de angústia. O meu coração saltava com uma intensidade nunca vista. O sangue latejava dentro de mim. Olhei de novo para ela. Os seus olhos azuis inundados de lágrimas, suplicavam-me por ajuda. Senti a minha visão embaçada e os meus olhos húmidos. Os meus olhos pareciam uma nuvem carregada de chuva. Uma impotência enorme deixou-me paralisado. Sentia-me colado ao chão, sem conseguir mover-me um milímetro. Por que razão me sentia assim? Quem era aquela mulher? Ergui a cabeça novamente e procurei de novo por aqueles olhos azuis. Novamente os nossos olhos se fixaram. Nesse momento eu soube quem era ela. Nada mais nada menos do que o grande amor da minha vida.
Os seus olhos suplicavam-me por socorro enquanto o seu corpo parecia não ter mais força para combater contra a força que os soldados exerciam nos seus braços delgados. Senti uma vontade enorme de correr na direção dela, enfrentar toda aquela praça repleta de pessoas e resgatá-la da morte certa e fugir com ela para longe. Mas não conseguia tomar nenhuma atitude. Sentia-me petrificado, como se aquela não fosse a minha vida, como se tudo aquilo fosse um terrível pesadelo do qual iria despertar. Mas não era um pesadelo. Eu precisava salvar a mulher da minha vida de ser esquartejada por um crime que eu sabia que ela não cometeu.
As pessoas, com os olhos repletos de ódio, gritavam para que ela morresse. Algumas pessoas atiravam-lhe pedras e proferiram muitas palavras de ódio em sua direção. Eu queria gritar, dizer a todos o quão injustos estavam a ser, mas não conseguia. Parecia que a minha voz tinha ensurdecido. Baixei de novo a cabeça para o chão. Queria fugir daquela realidade, queria morrer junto com ela, queria chorar pela vergonha que estava a sentir por não conseguir tomar uma atitude. Como poderia ser tão cobarde e deixar a mulher da minha vida morrer daquela maneira tão dura e cruel? Só de imaginar o seu corpo desfeito em várias partes, o meu coração já parava de funcionar.
A praça estava apinhada de pessoas revoltadas que aplaudiam cada pedrada que ela recebia no seu corpo. Uma onda de ódio apoderou-se de mim. Coloquei a minha mão na cintura e percebi que uma espada de ferro estava amparada por um cinto de couro que me envolvia a cintura. Seria o suficiente para salvá-la? A partir daquele momento seria eu contra tudo e contra todos em defesa da mulher da minha vida.
Ela estava prestes a ser amarrada aos quatro cavalos, quando um grupo de ciganos invadiu a praça e exigiu que ela fosse solta. Uma grande confusão se instalou, uma luta entre os soldados e os ciganos se iniciou e eu vi ali a oportunidade de a salvar. Sem dó nem piedade, peguei na espada que tinha em minha posse e furei a barriga dos dois soldados que ainda a agarravam. Rapidamente eles caíram ao chão, inertes, ficando uma poça de sangue enorme à sua volta. Livre, ela correu em minha direção, uniu a sua mão à minha, depositou um beijo leve nos meus lábios e incentivou-me a fugir pelo meio da floresta. Vários soldados nos perseguiram. Rompemos por pinheiros bravos, passámos por caminhos esburacados, numa grande corrida contra a fatalidade que iria acontecer se fôssemos apanhados. Não conseguimos trocar uma única palavra. Rumámos em direção à ponte de pedra que unia a pequena vila e a enorme floresta onde qualquer um se perderia. Corremos, corremos, corremos, mas perdemos as forças e acabámos por ser alcançados pelos muitos soldados que nos perseguiam. Mais uma vez, vi os soldados agarrarem-na com toda a força, enquanto a levavam para o meio da ponte de pedra. A mim apenas me seguraram pelos braços. Ela gritava pela minha ajuda. Eu tentava soltar-me mas não tinha força suficiente. Cerrei os olhos para, mais uma vez, tentar fugir daquele pesadelo. Eu só podia estar dentro de um pesadelo.
Reparei nas pessoas. A maioria vestia grandes túnicas de linho e calças justas. Algumas dessas pessoas estavam descalças, com os pés firmes na terra dura, que fervia como se fosse brasas de uma fogueira. Olhei para mim tentando perceber o que trazia vestido. Nos pés uns sapatos pretos bastante bicudos. As minhas pernas estavam cobertas por longas meias que chegavam até à minha cintura. Uma túnica de linho cobria toda a parte superior do meu corpo. Percebi que os meus cabelos eram longos e que cobriam os meus ombros largos. Prestei atenção às vozes que ecoavam ao meu redor. Falavam de uma punição. Uma mulher estava prestes a ser esquartejada por ter cometido um crime. «Essa desgraçada matou-o», diziam, enfurecidos.
No centro da praça, muito perto dos cavalos, sentado num grande trono de madeira, estava um homem vistoso, com ar imperial e determinado, coroado com uma coroa de ouro que irradiava luz. Todos se curvavam diante dele. Era o rei. No poste principal da praça, um pano hasteado anunciava o ano em que estávamos: 1492. Século XV.
Abanei a cabeça. Belisquei-me. Parecia que estava dentro de um sonho mas eu sentia que tudo aquilo era bem real. Eu estava na época medieval e iria assistir a uma punição. Como podia ser possível? O que estava a fazer ali? Reparei para mim novamente. O corpo parecia o mesmo mas as minhas mãos eram maiores e mais fortes. Os meus braços tinham mais músculo e as minhas pernas estavam mais grossas e treinadas. «Quem sou eu?», questionava-me, em silêncio.
Os meus pensamentos confusos e inquietantes foram interrompidos por um enorme burburinho. A multidão que se reunira para assistir à punição começou a desviar-se. Pelo meio da multidão, surgiu uma mulher agarrada por dois soldados. Estava nua. Completamente nua. O seu corpo moreno tinha imensas feridas. De certeza que já tivera sido chicoteada. Enquanto ela era levada em direção aos cavalos, reparei nas suas pernas. Longas. Aparentemente macias. A sua pele marcada pela dor ainda me transmitia uma beleza sem igual. Olhei fixamente para ela. Os nossos olhos encontraram-se. Nesse momento, uma enorme dor invadiu o meu coração. As minhas pernas perderam a força, o meu corpo contorceu-se de angústia. O meu coração saltava com uma intensidade nunca vista. O sangue latejava dentro de mim. Olhei de novo para ela. Os seus olhos azuis inundados de lágrimas, suplicavam-me por ajuda. Senti a minha visão embaçada e os meus olhos húmidos. Os meus olhos pareciam uma nuvem carregada de chuva. Uma impotência enorme deixou-me paralisado. Sentia-me colado ao chão, sem conseguir mover-me um milímetro. Por que razão me sentia assim? Quem era aquela mulher? Ergui a cabeça novamente e procurei de novo por aqueles olhos azuis. Novamente os nossos olhos se fixaram. Nesse momento eu soube quem era ela. Nada mais nada menos do que o grande amor da minha vida.
Os seus olhos suplicavam-me por socorro enquanto o seu corpo parecia não ter mais força para combater contra a força que os soldados exerciam nos seus braços delgados. Senti uma vontade enorme de correr na direção dela, enfrentar toda aquela praça repleta de pessoas e resgatá-la da morte certa e fugir com ela para longe. Mas não conseguia tomar nenhuma atitude. Sentia-me petrificado, como se aquela não fosse a minha vida, como se tudo aquilo fosse um terrível pesadelo do qual iria despertar. Mas não era um pesadelo. Eu precisava salvar a mulher da minha vida de ser esquartejada por um crime que eu sabia que ela não cometeu.
As pessoas, com os olhos repletos de ódio, gritavam para que ela morresse. Algumas pessoas atiravam-lhe pedras e proferiram muitas palavras de ódio em sua direção. Eu queria gritar, dizer a todos o quão injustos estavam a ser, mas não conseguia. Parecia que a minha voz tinha ensurdecido. Baixei de novo a cabeça para o chão. Queria fugir daquela realidade, queria morrer junto com ela, queria chorar pela vergonha que estava a sentir por não conseguir tomar uma atitude. Como poderia ser tão cobarde e deixar a mulher da minha vida morrer daquela maneira tão dura e cruel? Só de imaginar o seu corpo desfeito em várias partes, o meu coração já parava de funcionar.
A praça estava apinhada de pessoas revoltadas que aplaudiam cada pedrada que ela recebia no seu corpo. Uma onda de ódio apoderou-se de mim. Coloquei a minha mão na cintura e percebi que uma espada de ferro estava amparada por um cinto de couro que me envolvia a cintura. Seria o suficiente para salvá-la? A partir daquele momento seria eu contra tudo e contra todos em defesa da mulher da minha vida.
Ela estava prestes a ser amarrada aos quatro cavalos, quando um grupo de ciganos invadiu a praça e exigiu que ela fosse solta. Uma grande confusão se instalou, uma luta entre os soldados e os ciganos se iniciou e eu vi ali a oportunidade de a salvar. Sem dó nem piedade, peguei na espada que tinha em minha posse e furei a barriga dos dois soldados que ainda a agarravam. Rapidamente eles caíram ao chão, inertes, ficando uma poça de sangue enorme à sua volta. Livre, ela correu em minha direção, uniu a sua mão à minha, depositou um beijo leve nos meus lábios e incentivou-me a fugir pelo meio da floresta. Vários soldados nos perseguiram. Rompemos por pinheiros bravos, passámos por caminhos esburacados, numa grande corrida contra a fatalidade que iria acontecer se fôssemos apanhados. Não conseguimos trocar uma única palavra. Rumámos em direção à ponte de pedra que unia a pequena vila e a enorme floresta onde qualquer um se perderia. Corremos, corremos, corremos, mas perdemos as forças e acabámos por ser alcançados pelos muitos soldados que nos perseguiam. Mais uma vez, vi os soldados agarrarem-na com toda a força, enquanto a levavam para o meio da ponte de pedra. A mim apenas me seguraram pelos braços. Ela gritava pela minha ajuda. Eu tentava soltar-me mas não tinha força suficiente. Cerrei os olhos para, mais uma vez, tentar fugir daquele pesadelo. Eu só podia estar dentro de um pesadelo.
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Ao abrir os olhos e enquanto ela continuava a gritar por socorro, percebi que a intenção dos soldados era jogarem-na para as águas do rio que corriam por baixo da ponte de pedra. «A maldade humana não tem fim», pensei em silêncio. Tentei de todas as formas soltar-me dos soldados que me aprisionavam, mas não consegui. Dois soldados pegaram nela e atiraram-na para dentro da água escura que corria em direção a uma enorme falésia. Uma fúria indomável invadiu o meu sistema nervoso, o que me permitiu reunir as forças necessárias para me soltar e correr até à margem do rio. Fui novamente alcançado e aprisionado. Enquanto a água a engolia, com o braço esticado na minha direção, ela continuava a implorar-me que a ajudasse. Ela combatia contra a força das águas, mas não estava a conseguir emergir. Uma dor inimaginável invadiu o meu corpo, as lágrimas rolavam pelo meu rosto como se fossem as águas descontroladas que caem das cascatas. Eu sabia que não conseguiria salvá-la. E isso estava a matar-me, a corroer-me por dentro.
«Não cumpriste a promessa. Por favor, salva-me», foram as suas últimas palavras, antes de desaparecer nas águas escuras e profundas do rio.
Sem forças, caí de joelhos no chão. Olhei para a água escura do rio na esperança de a ver segura na outra margem, mas a corrente estava forte e dela já não havia sinais. Nesse momento, com todas as forças que ainda me restavam, jurei a mim mesmo que a iria amar para sempre e que em outra vida nós iríamos conseguir ficar juntos, fosse como fosse, acontecesse o que acontecesse.
Cerrei os olhos com toda a veemência que possuía. Ficou tudo escuro. Senti-me a ser sugado pelas águas escuras do rio. Uma sensação real de falta de ar fez-se notar no meu peito. O ar – ou a falta dele – pesava cada vez mais.
Abri os olhos.
Acordei desnorteado.
Uma angústia
dilacerante parecia sufocar-me.
Respirei fundo e olhei em volta.
Estava no meu
quarto.
«Outra vez o mesmo sonho!», pensei.
«O mesmo sonho de sempre.»
Fábio Teixeira
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