A história real que serviu de base para o livro 'Antes de dizer-te adeus'
Foi na sala de espera do serviço de oncologia que encontrei a base para a história do meu primeiro romance. O livro «Antes de dizer-te adeus» está aí, para quem o quiser agarrar.
26 de setembro 2016
Sala de espera, serviço oncologia.
Dos seus olhos jorravam lágrimas que
pareciam uma fonte de água infindável. De cabeça baixa, sem pronunciar qualquer
palavra, o seu rosto demonstrava toda a sua tristeza, toda a sua dor. Sentou-se
ao meu lado. Com as mãos a cobrir-lhe o rosto, por algum tempo só se ouviam os
seus soluços descontrolados. Ao seu lado, uma rapariga de olhar dócil e rosto
angelical, amparava-o. A minha avó, sentada na cadeira de rodas, encarava-o,
séria. O que teria acontecido a este homem? O que o levaria a ficar naquele
estado? Toda a gente que passava na sala o olhava. Toda a gente se compadecia
com a sua dor. Chorou durante mais de cinco minutos. Não disse palavra alguma.
A sua cara continuou afundada nas suas mãos.
Não consegui ficar indiferente. Uma
lágrima silenciosa deslizou pelo meu rosto também. Não conhecia o homem de lado
algum, nem o seu nome sabia, mas a sua dor comoveu-me de alguma maneira.
— Só agora que ela está ali dentro, a definhar, a morrer, é que eu
percebi o quanto a amo. Como é que eu consegui ficar longe dela estes anos
todos? Como é que eu fui capaz de permanecer, durante tanto tempo, longe do
grande amor da minha vida? Como é que eu fui tão burro ao ponto de nunca ter
percebido que era ela? Como é que eu nunca me dei conta de que o que sentia por
ela era amor?
As suas interrogações eram cortadas por
soluços cada vez maiores. Ele não se importou com quem o estava a ouvir. Acho
que nem percebeu que os olhares da sala de espera estavam todos virados na sua
direção. O seu rosto revelava uma expressão pesada e os seus olhos encharcados
de lágrimas revelavam todo o arrependimento que morava dentro dele. Naquele
momento, eu desejei nunca estar na sua posição.
— Eu amo-a e ela vai morrer sem saber o quanto eu a amo. Ela vai morrer!
Dos seus olhos escuros pulavam lágrimas
descontroladas. O seu sofrimento era impiedoso. A dor torturava-o. O seu
arrependimento, maior do que o mundo, pesava na sua cabeça que se escondia
entre as suas mãos.
LIVRO À VENDA
"«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a importância de vivermos o presente, sobre o poder milagroso do amor e sobre a tão indesejada morte."
"Uma escrita simples e brilhante. Um livro emocionante com uma mensagem clara: não podemos nem devemos deixar a vida e as pessoas para depois."
COMPRE AQUI:
https://cordeldeprata.pt/livraria/antes-de-dizer-te-adeus/
— Fui tão burro! Tão burro! Tão burro!
As suas palavras angustiantes
dilaceravam-me por dentro. Ele já tinha a certeza de que a mulher que amava
iria morrer. Eu estava prestes a ter a confirmação de que a minha avó tinha
cancro num estado já muito avançado.
— Foi só vê-la ali, naquela cama, naquele estado, para eu perceber que a
amo. Que sempre a amei. Só agora eu percebi que a família que eu estou a
construir com a Maria (nome fictício), não passa de uma mentira, de um engano
enorme alimentado pela minha vontade de nunca desiludir os nossos pais, a nossa
família. Mas eu fui tão estúpido! Tão burro!
A sua irmã, pouco mais nova do que ele,
amparou-o. Deu-lhe o seu ombro enquanto ele se lamentava pelo tempo que perdeu,
pelo amor que não deu, pela história que deixou para trás e que nunca se
atreveu a viver.
Por mais que eu quisesse, não conseguia
desviar os meus tristes olhos azuis daquela cena. O meu coração apertado
parecia querer explodir. Olhei para a minha avó. Sentada na cadeira de rodas,
impossibilitada de andar, retribuiu-me o olhar mais terno que já vira em toda a
minha vida. Voltei a olhar para o homem. Não tinha mais que trinta anos. A
barba por fazer dava-lhe um aspeto mais maduro. Os seus olhos escuros reluziam
de tristeza. A dor estonteante que ele sentia a pulsar nas suas veias, estava
bem expressa na sua feição rígida, assombrada pelo arrependimento que o
consumia.
Durante mais de vinte minutos, assisti àquele episódio como
se estivesse a ver a cena dramática de um filme. Mas a cena era real. Aquele
homem e a sua dor eram reais. O arrependimento era real. A culpa era real. As
lágrimas eram reais. O filme dramático, a história de amor sem final feliz,
também era real.
E por ser tão real, guardo esta cena até hoje na memória e no coração. Nós podemos aprender tanto com as histórias dos outros!
∞
Quando me perguntam onde vou buscar
inspiração para os meus textos, as minhas frases, as minhas histórias, eu
respondo sempre que me inspiro na vida, nas pessoas e em tudo o que encontro,
todos os dias, no meu caminho. Sou um homem atento, que se preocupa demais com
os problemas dos outros, que gosta de ouvir histórias e de lhes imaginar um fim
ou um início.
«Antes de dizer-te adeus», a história que
vos apresento, tem por base este acontecimento real que acabo de vos narrar.
Até hoje, e passados cinco anos, nunca mais encontrei aquele homem. Nunca lhe
soube o nome, a história, e muito menos o que aconteceu depois daquele dia. Mas
durante estes anos todos, lembrei-me muitas vezes dele e da dor que não
acalmava, do pranto imensurável que o consumia, do arrependimento que latejava
ferozmente dentro dele. Toda a cena foi tão intensa que se tornou memorável
dentro do meu coração piedoso e extremamente sentimental. Durante estes últimos
anos quis escrever sobre essa cena. Mas não me sentia maduro suficiente para
entender o peso dela.
Depois de tanto tempo a amadurecer a ideia, desenhei esta história ficcional que tem por base o acontecimento que assisti na sala de espera do serviço de oncologia onde a minha avó foi acompanhada durante quase dois meses. Acho que aquela cena, aquela história, me fez perceber que todos nós podemos aprender com os erros dos outros e que a morte é um íman que aproxima as pessoas porque só aí elas percebem que no final tudo o que fica é o amor. Só no fim, quando a perda é inevitável, as pessoas relativizam o que não tem importância e deixam o coração falar. Com esta situação dura, impiedosa, infeliz, quero que as pessoas reflitam sobre o que vale e o que não vale a pena na vida.
Aquela cena, aquele homem, aquela
história, fizeram-me perceber que a vida só vale a pena quando é vivida
consoante as batidas do nosso coração e que, por muitos caminhos que ousemos
enfrentar, o melhor caminho que podemos percorrer é ao lado da única pessoa que
o nosso coração escolheu amar. Cabe a nós aceitá-lo ou não. Sabendo que no fim,
a respetiva consequência virá.
LIVRO EM PRÉ-VENDA COM 10% DE DESCONTO E PORTES GRÁTIS
Sobre o autor:
Nasceu a 25 de fevereiro de 1992, na cidade de Vila Real. Viveu toda a sua vida na pequena aldeia de Fiolhoso, no concelho de Murça. Diz que o seu signo, Peixes, o define. Em 2011, concluiu o ensino secundário na área de Línguas e Humanidades. Apaixonou-se pelos livros quando sofreu o seu primeiro desgosto de amor e encontrou nos romances da autora Margarida Rebelo Pinto a sua maior inspiração. Romântico, sentimental e espiritualista, Fábio Teixeira usa a escrita para tocar o coração dos leitores, levando-os a refletir com as suas histórias.
Comentários
Enviar um comentário