Não empurrem tudo para o futuro. Ele pode nunca acontecer.

 


Foi no exato momento em que descobri que tinha leucemia que entendi o que levamos a vida inteira para compreender: a vida não é uma garantia. Levamo-la como certa, raramente lhe damos o devido valor e, por isso, acordamos todos os dias convictos de que no dia seguinte voltaremos a acordar. Mas não é verdade. O tempo corre velozmente e quando damos por nós já se passaram anos e nós continuamos a adiar todos os planos e a guardar para o futuro, que pode nunca acontecer, todos os nossos sonhos. Passamos a vida a adiar tudo, a empurrar para depois, a dizer amanhã eu vou, amanhã eu faço, amanhã eu digo… mas o que acontece é que o tempo que passa só nos conduz ao exato momento em que a vida nos coloca um travão e nos avisa de que o comboio em que seguimos está prestes a entrar na última estação.
Há pessoas que saem de casa e nunca mais voltam a entrar. Eu tive a sorte de receber um aviso prévio que me permitiu dizer tudo o que queria antes de dizer adeus às pessoas que amo e ao mundo que me acolheu.

ESTÁ A LER UM EXCERTO DO LIVRO 'ANTES DE DIZER-TE ADEUS'

LIVRO À VENDA

"«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a importância de vivermos o presente, sobre o poder milagroso do amor e sobre a tão indesejada morte."

"Uma escrita simples e brilhante. Um livro emocionante com uma mensagem clara: não podemos nem devemos deixar a vida e as pessoas para depois."


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https://cordeldeprata.pt/livraria/antes-de-dizer-te-adeus/


Depois de receber o diagnóstico, parece que emigrei para uma bolha. Lembro-me de ter ficado anestesiada durante dias e de não conseguir pensar em nada, nem de sentir nada. Durante quase um mês senti-me totalmente deslocada e fora do mundo. As pessoas à minha volta emprestavam-me a força e o otimismo que nem elas tinham. Os meus pais demonstravam possuir uma imensurável muralha de força que eu via deteriorar-se assim que saíam do quarto do hospital. Os meus amigos abraçavam-me longamente, como nunca o tinham feito antes, e diziam-me que eu iria vencer esta batalha e que uma longa e feliz vida estaria à minha espera logo que a tempestade acabasse. A palavra de ordem era somente uma: lutar. E a palavra proibida, que eu jamais poderia pronunciar, era desistir.
Quando algo mau acontece, a primeira reação das pessoas é desvalorizar tudo e pronunciar a frase cliché: «vai ficar tudo bem». Só que nem sempre vai ficar tudo bem, nem sempre se vencem todas as batalhas, nem sempre existe uma longa vida à nossa espera e, infelizmente, nem todas as pessoas têm o final feliz como aqueles filmes de domingo à tarde mostram. Cada pessoa tem o seu tempo e só parte quem já cumpriu a sua missão no mundo. É só isto o que temos para entender. Nenhum doente desiste de viver. A doença é que pode, ou não, ser mais forte do que a sua vontade.

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Quando me vi perto da morte, entendi a importância de demonstrar o que sentimos e de falar tudo o que escondemos, por medo ou vergonha, nas profundezas do nosso coração. Saber que posso morrer amanhã fez-me viver o hoje com uma intensidade que eu jamais pensei ser possível. E os medos e as indecisões, que tantas vezes são os nossos maiores inimigos, desapareceram da minha vida. Quando se tem a morte a bater-nos à porta, a vida ganha um sentido muito maior. Percebemos que brigas, medos e rancores são a coisa mais desnecessária do mundo e que o tempo – que afinal não é infinito – deve ser usufruído perto daqueles que vivem dentro do nosso coração. Desta vida não levamos o dinheiro que angariamos, a casa e o carro que compramos. Levamos o amor que demos e recebemos e, também, todos os momentos que guardamos no interior do nosso coração ao longo do tempo que nos foi permitido viver. E de nós só ficam lembranças, fotos e nada mais.
Não somos donos do mundo nem donos do tempo. E nem sempre somos donos das escolhas fulcrais da nossa existência. Nunca escolhemos quando e por quem nos apaixonamos, quando esquecemos, quando ficamos doentes, quando nos curamos, quando nascemos ou quando morremos. As escolhas que mudam toda a nossa existência não são decididas por nós. A vida não é garantida e ela nunca será o que queremos ou como a imaginamos.


Ninguém manda na vida. Ninguém a tem nas mãos.
Não acreditem nessa fábula de que a vida só acaba quando nós queremos.
Lembrem-se de que cada dia que passa conta. Então aproveitem o agora para viver, de verdade, a vossa vida. Não empurrem tudo para o futuro. Ele pode nunca acontecer e vocês podem nunca lá chegar. Não esperem chegar a um momento de colisão para compreender o que se sabe desde o princípio: a vida não é eterna e nós não possuímos todo o tempo do mundo.
Aproveitem o dia que têm nas mãos porque pode ser a última dádiva da vossa vida.
A vida não reserva um final feliz para ninguém. Mas a vida pode ser feliz se a vivermos do jeito certo.
Vivam.
Amem.
Construam memórias.
Valorizem os afetos.
E sejam eternamente felizes.

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LEIA, TAMBÉM, O INÍCIO DA HISTÓRIA INSPIRADA NOS INCÊNDIOS QUE DEVASTARARAM PORTUGAL EM 2017. 

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