DE ALMA E CORAÇÃO


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Tantas vezes reparo na extrema velocidade a que o tempo passa. Observo que coisas que eu julguei terem acontecido há pouco tempo, na verdade, aconteceram há alguns anos. Mas, a memória é um dos nossos bens mais preciosos, faz-nos lembrar de quem fomos, os caminhos por onde passamos, as pessoas com quem nos cruzamos e os momentos que passamos com elas. Faz hoje nove anos, que vivi, talvez, uma das manhãs mais felizes da minha vida. Não aconteceu nada demais. Só  te revi, depois de muitos meses sem te ver. Lembro-me de falar contigo todos os dias e de todos os dias dizermos que tínhamos saudades um do outro. Lembro-me que o Verão se arrastava e que o dia do nosso reencontro nunca mais chegava. Por fim, chegou.

14 de setembro de 2009. 9 anos se passaram e na minha memória ainda vivem todos os detalhes. O meu casaco adidas, o meu relógio branco, a hora a que o despertador tocou, a primeira pessoa que vi no autocarro, os telemóveis iguais que tínhamos, a mensagem que enviaste do meu telemóvel, a dizer «Amo-te», para uma outra pessoa com quem eu trocava mensagens na altura. Lembro-me do teu sorriso e do meu sorriso. Da nossa alegria – ou só minha – de estar ali. Recordo-me do nosso passeio junto às piscinas, da conversa sobre o teu verão e dos planos para o ano letivo que estava a começar. Lembro-me do «Amo-te», que disseste quase silenciosamente. Ali, naquela manhã quente de setembro, tão aguardada por mim, parece que o tempo estava a passar rápido demais. Do nada, já estávamos sentados na pizzaria, prontos para o almoço. Aí aconteceu aquela situação inusitada, que até hoje não sei dizer o porquê dela ter acontecido. Pedi apenas uma pizza. A minha. Rapidamente reagiste, com cara de espanto, e disseste: «Esqueceste-te de pedir a minha!». Rimo-nos, como tantas vezes fazíamos. Rimo-nos mais uma vez e planeamos uma amizade sem fim. Planeamos tudo. E nada saiu como o planeado.

Lembro-me de tudo isto, como me lembro dos passeios com os meus amigos de sempre, sobre as conversas que tínhamos e das partilhas que fazíamos. Lembro-me de tudo o que o meu coração viveu de verdade. 

Às vezes, é bom voltar ao passado e recordar estes e outros bons dias para perceber que houve, afinal, bons momentos. E que a vida é uma caixinha de surpresas, recheada de momentos, que muitos vezes só valorizamos depois de eles terem passado. Na simplicidade das coisas, encontramos o que de mais belo existe na vida. E se hoje, passados tantos anos, ainda tenho as imagens deste dia na minha memória, é porque, sem dúvida, eu vivi tudo isto de alma e coração. E no fim de contas, é só isso que importa.



Fábio Teixeira

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