AOS MEUS AVÓS
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O vento soprava levemente. O ar estava frio. O sol brilhava por trás das nuvens. As folhas desprendiam-se das árvores e bailavam à mercê do vento. Você estava sentada na cadeira de rodas, com o olhar fixo para a campa daquele que foi o seu amor de toda a vida. Estava em silêncio… durante vários minutos não soletrou qualquer palavra. Horas antes, tinha pedido aquilo que já não pedia há imenso tempo: que a levássemos ao cemitério. Dentro de mim, algo me fez intuir que aquilo era o início da despedida. Abanei a cabeça, pisei firmemente o solo e pensei para mim mesmo: «Tira essa ideia da cabeça!». Acreditei, mesmo contra tudo o que diziam, que você ia aguentar, que ia ficar mais tempo, que ia sobreviver a mais uma batalha. Eu sabia, algo dentro de mim sabia que aquele olhar triste e conformado que me lançou, dois dias depois, naquele quarto de hospital, era um olhar de quem queria dizer: eu estou a perder a batalha… Mesmo assim, mantive-me forte, sorri, apertei-lhe a mão e perguntei o que sempre lhe perguntava todos os dias: como vai a vida? Você, com as poucas forças que já tinha, respondeu prontamente: a vida vai boa… A vida ia sempre boa para si, mesmo quando era visível que ia mal. Quis proteger-nos a todos, mas só você e Deus sabiam o sofrimento por que passava. Foi sempre forte até ao último suspiro. E eu sei que você lutou até ao fim. Eu sei que você quis ficar. Eu sei… Hoje eu sei que está no céu, na companhia do seu grande amor, e que juntos estão a enviar forças para todos aqueles que ficaram aqui. Se é verdade que há outras vidas e que nós escolhemos quem vai fazer parte delas, eu tenho a plena certeza de que não poderia ter escolhido melhor avó. Foi mais que uma companhia diária… foi uma segunda mãe! E tenho tanto para lhe agradecer, avó! Mas isso, fica só entre nós… coisas que só eu e você sabemos. Porque agora eu sei que não preciso de palavras, você sente tudo o que eu sinto. Você sabe como estou, sabe tudo aquilo que eu penso, sabe tudo aquilo que eu sou. Obrigado avó… eu trago-a no meu coração e não deixo de pensar em si. Você foi, mas as memórias ficaram. E isso, ninguém me pode tirar! Até já, guerreira! <3
(Texto escrito por mim, alguns dias depois da morte da minha avó materna.)
No dia dos avós, eu não poderia não recordar os meus. Das coisas boas que a vida me deu, os meus avós foram uma delas. Estou eternamente grato à vida, ao Universo, à divindade que me uniu a eles. Apesar de os meus avós já não estarem aqui, eles não morreram, continuarão comigo até o meu coração parar de bater.
Feliz dia dos Avós!
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