O amor não é uma questão de merecimento | Livro: "Confissões de um coração partido" do escritor Fábio Teixeira
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Mas como poderia aceitar que as coisas fossem apenas ao teu jeito depois de tudo o que tinha lutado e passado para conquistar algo melhor? Como poderia contentar-me com o que me querias oferecer depois de te ter entregado o melhor que havia em mim durante quase dois anos? Como poderia aceitar isto?
— Tu não és obrigado a aceitar as coisas como eu quero. Eu compreendo. — concluíste, sem qualquer demonstrar qualquer sentimento na voz.
Em nenhum momento desta conversa te consegui ler. Não consegui mesmo perceber o que estavas a sentir, se o pouco que falavas tinha origem na tua razão ou no teu coração. Só sei que permiti que a mágoa do que estava a acontecer me dominasse. Arrumei tudo dentro da mochila, atirei-a para o banco de trás do carro e disse:
— Tudo bem. Eu não posso fazer nada. Nem obrigar-te a ser como não queres ser. E está tudo bem... quer dizer, não está nada bem! Mas não posso viver nada pelos dois.
O silêncio que se instalou entre nós, foi cortado pelo teu xau, Miguel. Abriste a porta do carro e saíste. Não senti em nenhum dos teus passos qualquer dúvida da direção que estavas a seguir. Não vi hesitações, porque em momento algum voltaste a olhar para trás. Entendi, nesse momento, que eu só tive a infelicidade de apaixonar-me perdidamente por alguém que não se apaixonou por mim e que, por isso mesmo, fizesse o que fizesse, dissesse o que dissesse, nada resultaria, nada faria com que o teu coração se abrisse para mim e me recebesse dentro dele.
O amor não é uma questão de merecimento, lembras-te?
Aqui está a prova.
Chorei durante o caminho todo que fiz até casa. Senti-me totalmente vazio, como se dentro de mim nada mais existisse. Não sei como é morrer porque nunca morri de facto, mas, foi assim que me senti: morto por dentro. Sem futuro, sem presente, somente com um passado nas costas para onde queria voltar. Queria voltar aos lugares onde estive contigo, fechar os olhos e sentir-nos de novo próximos, juntos, confiantes de que ficaríamos na vida um do outro pelo resto das nossas vidas. Foi nisso que acreditámos muitas vezes, não foi?
Escondi a mochila no sótão de casa, num lugar escuro onde ninguém possa encontrar tudo o que te dei ao longo do tempo. Livros, roupa, perfume, pulseiras, ímans...
Confesso que me arrependi de ter ficado com tudo. Não foi correto da minha parte ficar com as coisas que te ofereci com todo o coração. Mas quando me dei conta, já era tarde para voltar atrás. O nosso fim já tinha acontecido. Tu tinhas feito a tua escolha e eu tinha-a aceitado... como último ato de amor, deixei-te em paz para que pudesses ser como sempre quiseste, como sempre foste e como sempre serás...
Ninguém sabe o tanto que me custa o teu silêncio e a falta da tua presença, não há dia que passe sem que me recorde de ti, sem que me questione se estarás bem, o que andarás a fazer, como te estás a sentir... apesar de termos chegado ao fim, sei que os meus braços sempre estarão abertos para te receber e que o meu coração nunca se fechará para ti. Porque foste importante e especial para mim e sinto que sempre o serás. Nenhuma história termina quando se diz adeus; termina quando o sentimento morre e o coração se fecha, quando a memória deleta tudo e de tudo o que se viveu só sobra o esquecimento.
Sei que nunca te vou esquecer e que nunca vou deixar de acreditar que és boa pessoa. Vou sempre ver-te com carinho, afeto e amizade.
Eu não te odeio. Eu só tenho pena que tenhas sido para mim o que eu não merecia que tu fosses e que o teu sentimento por mim tenha sido tão pequeno, tão frágil, que não te fez desejar ser mais e melhor para mim.
Confia. Nunca sentirei por ti menos do que algo bom. Porque quando gostamos verdadeiramente de alguém, por muito que esse sentimento nos faça sofrer, sempre levaremos essa pessoa no nosso coração como algo bonito de se guardar. Vou manter-te no meu coração até ao fim da minha vida. E é apenas isso que te posso garantir agora. Ainda sinto a tua falta e acho que vou sentir saudades tuas sempre.
O final não foi o que eu queria mas agradeço-te muito a história que vivemos. Foi dolorosa, foi dramática, foi intensa... mas acredito que tudo isso me fez evoluir. E é para isso que cá estamos, não é?
Trecho do livro "confissões de um coração partido" do escritor Fábio Teixeira.
Em "Confissões de um Coração Partido", mergulhamos na alma de Miguel, um homem que, após um encontro fugaz e intenso, se vê preso num labirinto de emoções não correspondidas. Numa carta aberta endereçada a um amor que nunca se concretizou, ele desvenda as camadas dos seus sentimentos, repletos de esperança, desilusão e anseios. Cada página é um eco de um coração que ansiava por um futuro partilhado, mas que, por caprichos do destino, permaneceu apenas no reino dos sonhos.Miguel narra a sua trajetória com uma sinceridade crua, revivendo as risadas que nunca foram trocadas, os momentos que ficaram apenas na imaginação e as promessas sussurradas que nunca ultrapassaram os lábios. À medida que ele desvela as suas memórias, o leitor é convidado a sentir a dor da rejeição, a beleza da vulnerabilidade e a luta interna entre seguir em frente e se agarrar ao que poderia ter sido.Com uma prosa poética e visceral, "Confissões de um Coração Partido" não é apenas um lamento por um amor perdido, mas um hino à resiliência do coração humano.
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