Fui a tua casa. Um esconderijo só teu, que alugavas pelo tempo que querias e deixavas vazio quando a realidade te chamava



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      Esta noite visitaste o meu sonho. Tudo igual à vida real. A aparente indiferença, que terminava num entrelaçar de dedos, impossível de esquecer. Voltei a olhar para ti e o meu coração voltou a disparar. Os teus olhos cor de mel fixos em mim, enquanto esperavas de mim uma resposta, não me saem da cabeça.
«Posso mandar-te mensagens?», perguntaste, reticente. Demonstrando algum desprezo, respondi: «Como quiseres!».
O sonho terminou com os nossos olhos fixos um no outro e os nossos dedos entrelaçados a afastarem-se lentamente, quase como se não o quiséssemos fazer. Não sei o que aconteceria depois, se me enviarias as mensagens que querias, se voltaríamos a estar bem, se o sonho se tornaria um prenúncio do que aí vem. Uma coisa percebi: havia alguma coisa que me querias dizer mas que, por algum motivo, não conseguias dizer.
«Posso mandar-te mensagens?», a tua voz, a tua expressão de insegurança temendo a minha resposta. Tudo tão real. Tudo tão verdadeiro.
As nossas mãos, os dedos entrelaçados, tudo tão semelhante ao dia em que estivemos sentados no banco amarelo, onde demos as mãos enquanto olhávamos um para o outro, como se à volta o mundo não existisse e nós fôssemos duas estátuas imortalizadas pelo tempo.
No passado, durante o tempo em que a vida nos afastou, pressenti o teu regresso à minha vida algumas vezes. Uns dias antes da vida nos colocar no caminho um do outro, sonhava com o teu regresso. Impressionante, não é? A conexão que eu sempre tive contigo é quase surreal. Sabia sempre quando me mentias, quando me dizias a verdade, quando não te sentias à vontade, quando estavas mais em baixo. Conhecia-te. De alguma maneira, eu sou a pessoa que mais te conheceu na vida. Há um lado teu que só eu conheço, que só a mim revelaste.
Conheces aquele lugar onde somos realmente nós? Onde não precisamos mentir, fingir, demonstrar ser quem na verdade não somos? Aquele lugar a que chamamos casa e onde não precisamos de máscaras e nos sentimos em segurança? Eu fui esse lugar para ti. Fui a tua casa. Um esconderijo só teu, que alugavas pelo tempo que querias e deixavas vazio quando a realidade te chamava e tu regressavas à mentira que fazes questão de alimentar.
Há sonhos que deviam ter continuação para que pudéssemos saber o que acontece a seguir, para descobrir o final do filme, ver na íntegra o que a alma tem programado para nós. Dizem que os sonhos são mensagens da alma, e eu acredito que sim.



Fábio Teixeira

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