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A mostrar mensagens de junho, 2021

Tu és parte das minhas memórias como eu serei sempre parte das tuas.

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  “ Duarte, lembras-te como tudo começou? Passaram dez anos mas eu recordo-me como se o tempo não tivesse passado, como se ele não tivesse a importância que tem. Foi durante o caminho para a escola que, sem saber bem porquê, te colocaste a meu lado e me falaste sem nenhuma razão. Naquele dia, que tinha tudo para ser um dia como todos os outros, tudo mudou. Aquela pequena e trivial conversa até ao portão da escola foi o início do que ainda hoje guardo dentro do meu coração. Foi uma conversa curta, banal, mas que surgiu de maneira tão natural e tão instantânea que, sem saber bem porquê, continua a sete chaves, guardada na minha caixinha de memórias. Passaram-se muitos anos, muita coisa aconteceu, muito mudou nas nossas vidas e em nós mesmos. Quando olho para trás compreendo o quanto o tempo foi corrosivo para a nossa história. Será que posso chamá-la de nossa? ESTÁ A LER UM EXCERTO DO LIVRO 'ANTES DE DIZER-TE ADEUS' LIVRO À VENDA "«Antes de dizer-te adeus» é um livro que no...

Não empurrem tudo para o futuro. Ele pode nunca acontecer.

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  Foi no exato momento em que descobri que tinha leucemia que entendi o que levamos a vida inteira para compreender: a vida não é uma garantia. Levamo-la como certa, raramente lhe damos o devido valor e, por isso, acordamos todos os dias convictos de que no dia seguinte voltaremos a acordar. Mas não é verdade. O tempo corre velozmente e quando damos por nós já se passaram anos e nós continuamos a adiar todos os planos e a guardar para o futuro, que pode nunca acontecer, todos os nossos sonhos. Passamos a vida a adiar tudo, a empurrar para depois, a dizer amanhã eu vou, amanhã eu faço, amanhã eu digo… mas o que acontece é que o tempo que passa só nos conduz ao exato momento em que a vida nos coloca um travão e nos avisa de que o comboio em que seguimos está prestes a entrar na última estação. Há pessoas que saem de casa e nunca mais voltam a entrar. Eu tive a sorte de receber um aviso prévio que me permitiu dizer tudo o que queria antes de dizer adeus às pessoas que amo e ao mundo ...

Não há nada pior do que ver partir quem amamos sem poder fazer nada para que eles possam ficar.

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     Os últimos dias têm sido agonizantes. A Mariana passa grande parte do tempo a dormir. A infeção respiratória está a vencer a sua força de viver e a sua enorme vontade de permanecer no mundo. Praticamente não fala, não come, não interage com as visitas e até abrir os olhos já é um esforço imensurável para ela. Ela está a viver em esforço. Até respirar lhe custa.    Eu passo os dias neste quarto de hospital. Durmo, como, vivo aqui. E por mais que o sol, o mar, a vida lá fora, por mais que tudo isso seja convidativo, nada consegue ser mais forte que a minha vontade de permanecer ao lado da Mariana até ao fim. Foi isso que lhe prometi e é isso que quero cumprir. Não quero nunca mais carregar nas minhas costas o peso das promessas não cumpridas, dos sonhos que nunca me esforcei para realizar e dos momentos que deixei passar por medo e cobardia de os viver. Não quero deixar a minha vida para depois. Aprendi a nunca mais depositar tudo num futuro que pode nunca ch...

É no peito dele que gosto de sonhar com o futuro que posso não ter.

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     O corredor tem apenas pequenas luzes de presença que pouco ou nada iluminam o espaço. Não há vestígios dos enfermeiros ou auxiliares. Na maioria dos quartos as portas estão entreabertas. O silêncio é acolhedor. Com passos curtos e cambaleantes, devido à anemia que não me larga, passo pelo quarto do senhor José, da dona Margarida, da Celeste, do Josué, da Emília e do Rafael. Convivo com todos eles há um ano e conheço a história de vida, os familiares e os amigos de cada um. Eu já os sinto como se fossem a minha segunda família porque, apesar das idades diferentes e das histórias distintas, criámos laços fortes que nos unem e nos enlaçam para sempre uns aos outros. Apoiamo-nos e consolamo-nos uns aos outros porque todos nós entendemos o sofrimento de cada um. Como diz a senhora Margarida: somos companheiros de guerra. ESTÁ A LER UM EXCERTO DO LIVRO 'ANTES DE DIZER-TE ADEUS' LIVRO À VENDA "«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a i...

A minha história com a depressão

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Hoje decidi falar sobre uma parte da minha vida que nunca publiquei nas redes sociais. Nunca o fiz antes por vergonha, por medo do que as pessoas podiam vir a pensar, por não querer passar a ideia de vitimização.  Mas hoje decidi escrever sobre essa parte da minha vida e dar a conhecer (até às pessoas que me conhecem) o que guardei para mim durante anos.  Em 2014 comecei por me fechar em casa. Escondia-me dentro do quarto e fazia daquelas paredes o meu mundo. Eu vivia limitado àquilo. Dentro do meu quarto passava grande parte do tempo a dormir e a outra metade a chorar. No início achei que era uma fase e que logo passaria. Assim me diziam os amigos próximos com quem desabafava algumas coisas. Algumas, não todas. As mais importantes, aquelas que me doíam mais, aquelas que me feriam mais, ficavam de fora. Nunca gostei de partilhar com as pessoas as partes mais tristes da minha vida. Nunca gostei de me vitimizar e de fazer dramas. Talvez por isso, durante anos e anos, tenha criad...

A vida que não vamos viver

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  Sinopse Joana e Diogo foram amigos de escola.  Apaixonaram-se.  Mas o amor que palpitava dentro dos seus corações foi encarado de forma diferente. Joana aceitou-o. Diogo rejeitou-o.  Os dois afastaram-se e durante largos anos não souberam nada um do outro. Joana refugiou-se na escrita para declarar todo o amor que sentia por Diogo, tornando-se numa das mais promissoras escritoras românticas. Diogo mudou-se para Portimão onde acabou por abrir o seu próprio negócio: uma loja de surf, modalidade que pratica.  Atualmente, ambos vivem vidas monótonas.  Joana vive refugiada nas histórias que escreve e Diogo vive entregue à loja, ao surf e à namorada Nanda, por quem não sente mais do que uma pura amizade. Habituou-se a ela e não sabe como a deixar.  A monotonia na vida de Joana e Diogo termina quando se reencontram, por acaso, na praia da Rocha. O amor que parecia extinguido, renasce das cinzas do passado mal resolvido e uma avalanche de sentimentos apodera...