«Aprendi que a aparência não é nada quando o coração é tudo»
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«E depois, a Frau… Gostei dela desde a primeira vez em que a vi, presa a uma cama mas sempre de sorriso pronto para quem entrasse no quarto. Passou
por dois cancros, um na mama e outro no estômago, sempre sem apoio, sempre a
contar só com a sua própria força. As irmãs, mais novas e que tiveram a sorte
de casar com homens com dinheiro, nunca lhe deram muita atenção. «Não as vejo
desde que vim para este lar. Acho que elas nem fazem ideia onde estou. Mas
também nunca me procuraram», a voz triste e desalentada da Frau ainda me ecoa
na cabeça.
Numa das muitas noites que passei de vigília no lar, ela contou-me
que na sua mocidade conheceu um homem com quem se juntou mas que nunca foi
amada por ele. «O amor que ele me dava era pancada todos os dias, traições com
mulheres da vida e outras que eu conhecia, desrespeito e humilhações. Esse foi
o amor que ele me deu. Passei quinze anos a viver esse pesadelo até ao dia em
que ganhei coragem, fiz as minhas malas e sai de casa. Fiquei novamente sem
nada. Mas era jovem, tinha força para me erguer das quedas e recomeçar do zero.
Recomeçar do zero nunca me assustou! Nunca. A vida, às vezes, obriga-nos a
recomeçar do zero, a criar uma nova história ou a pintar um quadro melhor onde
a nossa força de vontade e a fé são os pincéis principais. Recomecei as vezes
que foram precisas. Os recomeços vão custando menos à medida que recomeçamos
mais vezes. Nunca devemos ficar presos ao que nos faz infelizes, ao que nos
amarra os sonhos, a lugares onde nos sentimos fora de casa, a pessoas que nos
puxam para trás, que nos tiram o tapete e nos fazem cair. Nunca devemos ficar
muito tempo onde nos sentimos infelizes, incompletos, onde não nos dão asas
para sermos livres e onde não nos dão a oportunidade de sermos quem nós somos. É
por isso que eu sempre digo que é preferível viver numa cabana com amor do que
numa mansão cheia de luxos mas onde não existem afetos, onde tudo é aparência e
nada é essência. O mundo não está a caminhar para um bom lugar.» A Frau é uma
mulher sábia, que me inspirou desde o primeiro dia, desde a primeira conversa.
A sua vida foi repleta de luta, de sacrifícios, de solidão, de medos, mas
sempre tentou olhar para a vida com um olhar mais leve, menos dramático. Ainda
hoje ela continua naquele lar, naquele quarto, sem uma visita das irmãs mas
ainda assim sem rancor nem mágoa dentro dela. Ela é um ser iluminado, um
exemplo a seguir. Podemos aprender tanto com os mais velhos. Eles são o livro
mais sábio de todos.
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"«Antes de dizer-te adeus» é um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre a importância de vivermos o presente, sobre o poder milagroso do amor e sobre a tão indesejada morte."
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«Nunca se esqueça de uma coisa, menino. A vida fica mais fácil
quando desvalorizamos as coisas más que acontecem. A vida é dinâmica, muda tudo
em segundos. Quando tiver um problema, por mais cruel que ele possa parecer,
lembre-se dos momentos incríveis e felizes que a vida já lhe proporcionou. Esse
sempre foi o meu segredo: olhar para os momentos bons da vida nos piores
momentos dela.»
Guardo até hoje as palavras da Frau, os conselhos, as risadas
cúmplices e as conversas sempre maravilhosas que tivemos. Ela e a Julie são
apenas dois casos dos tantos que existem por este mundo fora. É triste ver que
vivemos num mundo assim, onde o afeto ficou no fim da lista das prioridades das
pessoas e tudo o que elas mais valorizam é o poder, o dinheiro, a aparência. No
lar, com aquelas pessoas idosas que estão a caminhar a passos largos para o seu
último dia, aprendi que a aparência não é nada quando o coração é tudo.»
Trecho do livro 'És a minha estrela'
Fábio Teixeira
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