NADA JUSTIFICA O BULLYING


Não tenho por hábito escrever artigos de opinião, mas acho importante debater, escrever, falar, sobre um tema contundente que marca a nossa sociedade atualmente: o bullying. 

Nos últimos dias, tenho evitado ver o Big Brother exatamente por causa disso. Um programa que supostamente deveria entreter o público, o que mais tem feito é revoltá-lo. É a verdadeira revolução. Além de um mau casting, esta edição está repleta de favoritismos descarados por parte da produção do programa. É ver títulos tendenciosos nas páginas oficiais do programa e a forma como a Teresa Guilherme conduz as galas para compreender o que é nítido como água: há concorrentes a quem se tolera tudo e mais alguma coisa, e, depois, há os outros que merecem risos cínicos ou corte de antena quando tentam se defender das acusações de que são alvo. Mas há um concorrente que se destaca no quesito dos não favoritos (por parte da apresentadora e da produção): o Pedro.  

Confesso que tenho muita dificuldade em ouvir o Pedro, em compreender o seu discurso pouco coerente, em entender o sentido das suas conversas e intervenções. Confesso que não entendo aquele riso dele nas galas. Confesso que o acho chato e irritante. Também posso considerar a hipótese de que ele seja um pica miolos. E, também, percebo que ele seja uma pessoa com quem seja difícil de lidar. Até aí, acho que a maioria está de acordo acordo. Mas isto justifica a forma como é tratado, diariamente, pelos restantes colegas? A violência verbal, física, emocional, psicológica, tem justificação plausível?  

Não. Nenhum tipo de violência tem justificação. E o Pedro, com todos os seus defeitos, é uma pessoa que merece o seu lugar, a sua posição, a sua opinião, e respeito. Estamos a ver um homem de 42 anos a ser achincalhado em praça pública, com a ajuda de uma produção que trabalha com favoritismos descarados e uma apresentadora que, em momento algum, consegue disfarçar as suas preferências. Nada disto é profissional e muito menos aceitável. E, o pior de tudo isto, é que tudo fazem para que a vítima de ataques constantes seja vista como o vilão da história. Tem sentido? Não.  

E depois… depois há aquelas pessoas amorosas das redes sociais que desculpam a violência dizendo que o Pedro é chato, insuportável, pica miolos. Seguindo essa ordem de pensamento, uma mulher vítima de violência por parte do marido é culpada por ser chata, insuportável, pica miolos. Uma criança que é vítima de bullying na escola é culpada por ser intrometida, chata, insuportável, pica miolos. Fico espantado como é que é possível, em pleno 2020, existirem pessoas que compactuam com a violência gratuita e que a branqueiam para defender, quem sabe, os seus concorrentes favoritos. Mas eu não funciono assim: se um amigo meu fizer porcaria e tiver comportamentos errados, eu vou ser contra, eu vou alertá-lo, eu vou avisá-lo, eu vou, sim, criticá-lo. Não deixarei de ser amigo, mas não compactuarei com esse tipo de comportamentos.  

Existe uma diferença abismal entre ser fã e ser fanático. E, por norma, os fanáticos consideram que tudo o que o seu ídolo diz e faz é perfeito, como se fosse uma utopia o seu ídolo cometer erros. Mas toda a gente comete erros. Toda a gente peca.  

Por exemplo, falando da Jéssica Fernandes. Estamos diante de uma concorrente que passa a vida a criticar o Pedro quando ela própria tem um historial de situações condenáveis. Ela entrou no Big Brother por arrasto da mãe. O sonho de entrar neste reality show era um sonho da mãe dela. E o que fez a Jéssica para ajudar a mãe a realizar esse sonho? Rigorosamente nada. Desde o início compactuou com um grupo que, em todos os jogos, debates e cadeiras quentes, diminuiu a Sandra ao máximo afirmando que ela estava e prejudicar o jogo da filha. Qual foi a reação da Jéssica? Nenhuma. Em momento algum revidou, em momento algum se impôs ao grupo para defender a mãe. Ficou do lado de pessoas que conhecia há uma semana e deixou a mãe à mercê da sua própria sorte. A mãe que foi chamada de vaca, puta, cobra, por parte de outra concorrente de quem a filha se tornou amiga.  

Resultado: a Sandra foi expulsa do programa completamente magoada e arrependida de ter entrado.  

Continuando, a Jéssica insultou o Pedro de pedófilo, tentou agredi-lo e nada foi feito.  

Uns dias depois, alterada, partiu garrafas de vidro que, por sorte, não atingiram ninguém e acabou punida por comportamentos agressivos.  

Estamos ainda a falar de uma concorrente que se envolveu com outro concorrente sem gostar dele, porque assumiu, em conversas com outros colegas, que ainda estava apaixonada pelo seu ex-namorado e que ainda não o tinha esquecido. Brincar com os sentimentos de uma pessoa é, também, um comportamento condenável.

Recentemente, a Jéssica confessou uma estratégia execrável de massacre em grupo ao Pedro.  

E ainda há quem defenda tudo isto e critique o Pedro porque só sabe mandar calar os outros.  

Eu acho menos condenável um «cala-te» constante, do que um «és um pedófilo, és agressivo, és igual ao Hitler, és porco, és irritante, és chato, és insuportável, és mal-educado, cheiras mal…». 

Isto tudo para dizer que o bullying e a violência não são justificáveis. Nenhum negro merece morrer só porque é negro, nenhuma mulher merece morrer só porque deixou de amar o marido, nenhuma criança merece ser humilhada porque é chata, gorda, irritante, insuportável. Ninguém merece ser maltratado. Porque o bullying deixa marcas profundas que nem o tempo, nem a vida, conseguem apagar. E quem compactua com isso, não pode ter o coração no lugar certo. E os valores, esses, devem estar totalmente alterados.


Perfis do escritor 

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Comentários

  1. Através do grupo Big Brother Sensatos cheguei ao seu excelente texto. Há anos que combato o bullying, pois como professora vi muito sofrimento em muitas crianças e jovens. Estudei o assunto, procurando formas de ajudar as vítimas. E, não se pense que os professores não são também vítimas de bullying de grupos de alunos. São, mas escondem. A maior parte das vítimas tem vergonha. Não me alongo mais, o meu objectivo neste momento foi dizer-lhe OBRIGADA pelo que escreveu. Gostava muito que continuasse a tratar deste tema.

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  2. De tao bem escrito, por estar tudo dito sobre todos os acontecimentos deste big brother, eu ate gostava de guardar este texto excelente.
    É óbvio que ser amigo de alguem não é ficar cego perante a sua conduta, é saber destrinçar, aconselhar ou dar um ralhete na hora certa.Assim deviam funcionar os amigos.

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  3. PARABÉNS pelo texto que escreveu é pura rialidade tudo isto é pura verdade ta tudo dito muito bem

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  4. O Texto está muito bem escrito,quando á verdade,o que não acontece.Se á bulling,quem o está fazer,quando um individuo só vê o seu lado egocentrico,onde a razão está no seu eu. Ele é que massacra constantemente a sofia,sabendo que que namorado cá fora e está sempre a tentar alguma coisa.A isso chamo assédio e ninguem fala.Quem gostar do concorrente pedro que o ature,Eu não tenho paciencia..


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  5. Gostei muito do seu comentario ,muito bem escrito gostei muito,obrigado,um bem haja



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  6. Sinto-me completamente fora do baralho...não conhecia Fábio Teixeira como escritor e como analista de programas. Sou pouco dada a escrever nas redes sociais mas desta vez não pude nem quero deixwr de o fazer pois reconheco o valor da sua escrita . A forma como o faz e os temas que aborda. Por favor contnuepois precisamos de mais. Bem haja

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