NÓS OS DOIS NUM OUTRO TEMPO


Parece que foi ontem que tudo começou mas já lá vão muitos anos. Parece que ainda nos estou a ver, naquele dia ensolarado do início de Maio, naquele caminho, onde começámos a falar sem motivo algum. Quem diria que aquela conversa trivial, que surgiu vinda do nada, ia mudar tanto a minha vida e que a partir daí tu te transformarias na minha tempestade predileta. 
Conheço-te desde a era do Hi5, do Tag, do Bluethoot, das 1500 mensagens semanais que se esgotavam em menos de cinco dias. Acho que te conheço há uma eternidade, porque tanta coisa separa essa era da era atual. Tanto já mudou. Os telemóveis com teclas deixaram de existir, o Facebook destruiu o Hi5 e o MSN, as 1500 mensagens foram trocadas pelas conversas no Messenger do Facebook, qualquer pessoa pode baixar uma música da internet através do seu smartphone sem esperar que alguém lha passe por Bluethoot. Só passaram alguns anos, mas o mundo é outro. As pessoas vivem vidradas no visor dos smartphones e tudo é touch. Nas esplanadas as pessoas estão todas online para o que é virtual e offline para o que é real. Desde a nossa primeira conversa até hoje, muito mudou, até mesmo o que não tinha necessidade de mudar. 

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Mudou quase tudo. Mas o caminho que nos uniu continua intacto, os cenários que embelezaram os nossos melhores momentos continuam iguais, as músicas que ouvimos juntos continuam a ser incríveis e os nossos momentos bons nunca se perderam da gaveta das memórias nem no tempo que já se passou. 
Passaram anos e tu continuas a viver dentro do meu coração, num grande espaço só teu, onde fizeste morada. Passaram tantos anos, mas ainda nos vejo aos dois, no baloiço, a planear a vida como se ela não pudesse ter outros planos para nós. Ainda nos consigo ver, a rir, numa singela sintonia, naquelas tardes em que à nossa volta nada existia e tudo éramos nós. Só nós. Como sempre quisemos que fosse. Nós. Num futuro incrível onde realizaríamos juntos todos os nossos sonhos. Ainda nos vejo, naquele banco, de dedos entrelaçados, sem pensar em nada, sem querer saber do mundo à nossa volta. Ainda te vejo nos corredores, nas ruas, nos sítios por onde tantas vezes passaste, num tempo onde eras outra pessoa, num tempo onde tudo nos parecia possível. Onde nos perdemos um do outro? Onde, como e porquê? Onde ficaram os planos, os sonhos, o futuro que imaginámos? Onde ficámos nós? Onde andarão aquelas pessoas felizes que um dia fomos? Onde estaremos nós, os adolescentes que éramos e que sonhavam que iam passar a vida juntos? 
Não sei. Só sei que o caminho que seguimos já não é o mesmo que nos uniu e nós já não seguimos a mesma direção. Só sei que nos perdemos no tempo, mas ainda assim, eu ainda te consigo encontrar dentro do meu coração. Porque de lá não sais. Nunca saíste. 

TEXTO FICCIONAL

Fábio Teixeira

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