Não deixamos de sentir a saudade: acostumamo-nos com ela.
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Capítulo 1 Duarte N ovembro. O vento sopra com intensidade lá fora. Do céu pintado de cinza escuro, cai uma chuva torrencial que deixa a avenida encharcada de água. Não se vê vivalma na rua. A foz e a avenida nunca estiveram tão desertas. O dia de voluntariado está a correr sem percalços. Hoje é um dos poucos dias em que a unidade oncológica está num clima apaziguado, tranquilo, sereno. Alguns doentes conversam, felizes, na sala de convívio do piso, enquanto outros recebem visitas nos seus quartos. Quando fixo o meu olhar no calendário da parede da sala de enfermeiros, recordo a data em que partiste. Estás fora deste mundo há três meses, Mariana. Há três meses que não ouço a tua voz, não vejo o teu sorriso, não sinto o teu cheiro, não sou invadido por esse olhar apaixonado que me aquecia por dentro. Sempre me disseram que o tempo cura, que o tempo ameniza, que o tempo resolve tudo....